As duas escritoras paulistanas – de distintas gerações e trajetórias - dialogam por meio de fios,
linhas, teias, frestas, fendas e rios de tactilidade, produzindo um
universo expressivo de significados e gestos que se permutam. Real e onírico entreabrem pulsações dinâmicas por intermédio do viés experimental, antropológico, lírico. O insólito alça voo. O real se transmuta. O tecido
é fibra, vida
e verbo.
Em OS FIOS DO
ANAGRAMA, novo livro de BEATRIZ H. RAMOS
AMARAL, e POR ENTRE RIOS: UMAS PALAVRAS, o primeiro de GUTA ASSIRATI, a
intensidade do diálogo
transparece na urdidura de textos que buscam o nascedouro do tempo, da fala, das
personagens, dos conflitos, dos desafios em que se desenrolam elos espessos de
linguagem e vida. Conexões,
liames, linhas, confluências.
Suas obras produzem e redescobrem verdades, grãos, sensações, pegadas e rastros na terra. A
luz transmetafórica
celebra e realça
contrastes que transitam pelos registros da realidade e de sua gênese, desenhando e germinando, em
suas sílabas,
o nascedouro da palavra e de sua expressão
vibrátil,
o imemorial do tempo, da raiz.
“A
palavra Iyá
em Yourubá
significa mãe
ou mulher. Ìyá Agbà ou Ìyá Ìyá designam anciã, mulher de idade avançada. Isso eu soube antes de
aprender”
(Guta Assirati) Por entre rios / o começo
de tudo / primeiros rios / transfluências
/ encontro das águas
/ raios de Tupã
abrem-se para fios de narrativa, fios-faíscas,
fagulhas, incandescência,
fibras de texto, entretemas e a surpresa das sílabas agudas
“
.... você
arquiteta uma frase, é
bom semear na areia –
numa pausa de milésimos,
as ondas, mapas, marés,
tudo ondulado azulando as intenções
que se abreviam - dança da linguagem” //
Exílios
de sílabas
tecem vácuos
impropriamente chamados de intervalos –
entre as estações
do ano, entre os vãos
indefinidos dos meses, entre as estratégias
do dizer, há
um ponto de partida e a vertigem da chegada.” (Beatriz H. R. Amaral
BEATRIZ H. RAMOS AMARAL, paulistana, poeta, contista, ensaísta, musicista, mestre em
Literatura e Crítica
Literária
(PUC-SP), formada em Direito (USP) e em Música
(FASM), publicou “Poema
sine praevia lege”,
finalista do Prêmio
Jabuti, “Planagem”, “Primeira Lua”, “Encadeamentos” e “A Transmutação Metalinguística na Poética de Edgard Braga”, entre outros. Coordenou projetos
na Secretaria Municipal de Cultura de São
Paulo. Pertenceu ao Ministério
Público
de São
Paulo por três
décadas,
exercendo os cargos de Promotora de Justiça
e de Procuradora de Justiça
Criminal, integrando, também,
o Órgão Especial do Colégio de Procuradores. Foi Secretária Geral e diretora da União Brasileira de Escritores. Recebeu
o Premio Internazionale di Poesia Francesco de Michelle (Caserta, Itália). É Diretora do Departamento Cultural
da APMP. Lançou
o CD RESSONÂNCIAS,
com o músico
Alberto Marsicano. Tem realizado palestras no Brasil e em Portugal sobre sua
produção
e sobre a obra de Edgard Braga.
MARIA AUGUSTA ASSIRATI –
GUTA ASSIRATI é
nascida em São
Paulo e vive em Brasília
há
uma década.
Mulher, indigenista, militante e atuante na promoção de direitos indígenas, sociais e humanos. É doutoranda em Direito, Justiça e Cidadania pelo Centro de
Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Mestre em Políticas Públicas pela FIOCRUZ/IPEA. Presidiu
a Fundação
Nacional do Índio,
onde também
trabalhou como Diretora de Promoção
ao Desenvolvimento Sustentável.
Exerceu outros cargos públicos,
sempre relacionados à
promoção
dos movimentos sociais e sua participação
na construção
das políticas
públicas.
Atualmente, segue vivenciando uma de suas grandes paixões, o trabalho com povos indígenas, como consultora
independente, além
de dedicar-se à
poesia e outras formas artístico-culturais
de expressão
de suas significações
e anseios de transmutações.
Dia 17 de Maio, quarta-feira, a partir de 18h30 ,
RUA EDUARDO MONTEIRO, n.151 – Jardim Bela Vista –
Santo André, SP (altura da Av. Portugal. n. 1.000)
postagem enviada por Beatriz Helena Ramos Amaral
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