por André Azenha
O amor que esbarra na diferença de classes sociais,
comportamento, atitude. Alguém aparentemente inacessível, fechado, que parece
não ter sentimentos. Problemas que poderiam render o fim de tantas relações, ou
sequer o início delas, mas terminam em juras de amor eterno. São fatores que
remetem a tantos filmes. Muitos, comédias românticas. Outros, dramas fortes. Com
livros como “Razão e Sensibilidade” e “Orgulho e Preconceito”, Jane Austen
(1775-1817) deu vida a um estilo que seria imitado para sempre.
Uma das qualidades da escritora é que suas obras não foram prejudicadas pelo tempo. Ainda hoje, as questões abordadas pela britânica seguem atuais. Assim, “Orgulho e Preconceito”, filme de 2005 baseado no romance que ela terminou em 1797 e foi publicado pela primeira vez 16 anos depois, é daqueles cujo sabor é atemporal. Envolve, encanta, faz rir, causa lágrimas. Impossível ficar indiferente.
Adaptado várias vezes para o teatro, a tevê e o cinema, ganharia nova versão cinematográfica em 2005. A responsabilidade do cineasta Joe Wright e d a roteirista Deborah Moggach era grande. Os ingleses consideraram, em eleição, o segundo livro mais importante de sua história, atrás somente de “O Senhor dos Anéis”. Em 1995, a obra recebeu uma elogiada e premiada versão para a tevê, estrelada por Colin Firth e premiada no Emmy, o Oscar da telinha. O filme precisaria provar seu significado. Wright e Moggach mantiveram a essência do trabalho original de Austen e conceberam uma pérola cinematográfica: “Orgulho e Preconceito” revelou ao mundo o talento do diretor – foi o primeiro longa dele – e o charme de Keira Knightley, que acabou indicada ao Oscar.
A história acontece em Londres, século 19. Um baile. Elizabeth Bennet (Knightley), jovem sensível e determinada, conhece Fitzwilliam Darcy (Matthew MacFadyen, de "Frost/Nixon"), cavalheiro rico, arrogante. Os demais no salão trocam flertes. Oos dois entram numa relação de amor e ódio. Aos poucos, a jovem percebe que Darcy não é tão desagradável quanto parece.
Inicialmente a sinopse soa simples. Até banal perante o cinismo que assola o século 21. No entanto, é só a trama começar que somos cativados por um trabalho irresistível, que traz a marca de Austen: o choque de castas, e elite retratada de forma caricatural e as pessoas simples responsáveis pelos abastados acordarem para o mundo real.
O elenco é show à parte: o veterano Donald Sutherland, como o pai da heroína; Brenda Blethyn, de “London River”, na pele da mãe; Rosamund Pike, que brilhou no recente “A Minha Versão do Amor”; a graciosa Jena Malone; Kelly Reilly, de “Bonecas Russas”, interpretando a irmã chata e preconceituosa do protagonista. E, claro, Keira Knightley e Matthew MacFadyen, que desenvolvem química interessante ao viver o casal central.
Os cenários bucólicos, a linda fotografia, a trilha sonora competente de Dario Marianelli, os figurinos e a direção de arte certeiros, corroboram para um filme praticamente impecável - não cai na comédia romântica comum, nem no drama pesado. Há a crítica à alienação dos ricos e à separação de classes, que ainda existem na Inglaterra. Mas num meio termo gostoso e sensível para o espectador. Já o amor é mostrado em sua essência: não é necessário apelar para cenas tórridas, corpos nus (não que não seja legal vê-los). Os sentimentos são mostrados em gestos simples, beijo na mão, olhares, declarações. Aí está o(s) pé(s) no cinema clássico, classudo, como preferir. Tudo orquestrado com maestria por Joe Wright, que intensificaria os temas no poderoso “Desejo e Reparação” (2007), quando dirigiu novamente Keira Knightley e Brenda Blethyn, e retomou a parceria com o compositor Dario Marianelli, vencedor do Oscar pelo trabalho. Exemplo da competência do cineasta é a sequencia do baile em que Elizabeth e Darcy, enquanto dançam, apagam literalmente os outros casais do ambiente. E não é assim o amor?
Uma das qualidades da escritora é que suas obras não foram prejudicadas pelo tempo. Ainda hoje, as questões abordadas pela britânica seguem atuais. Assim, “Orgulho e Preconceito”, filme de 2005 baseado no romance que ela terminou em 1797 e foi publicado pela primeira vez 16 anos depois, é daqueles cujo sabor é atemporal. Envolve, encanta, faz rir, causa lágrimas. Impossível ficar indiferente.
Adaptado várias vezes para o teatro, a tevê e o cinema, ganharia nova versão cinematográfica em 2005. A responsabilidade do cineasta Joe Wright e d a roteirista Deborah Moggach era grande. Os ingleses consideraram, em eleição, o segundo livro mais importante de sua história, atrás somente de “O Senhor dos Anéis”. Em 1995, a obra recebeu uma elogiada e premiada versão para a tevê, estrelada por Colin Firth e premiada no Emmy, o Oscar da telinha. O filme precisaria provar seu significado. Wright e Moggach mantiveram a essência do trabalho original de Austen e conceberam uma pérola cinematográfica: “Orgulho e Preconceito” revelou ao mundo o talento do diretor – foi o primeiro longa dele – e o charme de Keira Knightley, que acabou indicada ao Oscar.
A história acontece em Londres, século 19. Um baile. Elizabeth Bennet (Knightley), jovem sensível e determinada, conhece Fitzwilliam Darcy (Matthew MacFadyen, de "Frost/Nixon"), cavalheiro rico, arrogante. Os demais no salão trocam flertes. Oos dois entram numa relação de amor e ódio. Aos poucos, a jovem percebe que Darcy não é tão desagradável quanto parece.
Inicialmente a sinopse soa simples. Até banal perante o cinismo que assola o século 21. No entanto, é só a trama começar que somos cativados por um trabalho irresistível, que traz a marca de Austen: o choque de castas, e elite retratada de forma caricatural e as pessoas simples responsáveis pelos abastados acordarem para o mundo real.
O elenco é show à parte: o veterano Donald Sutherland, como o pai da heroína; Brenda Blethyn, de “London River”, na pele da mãe; Rosamund Pike, que brilhou no recente “A Minha Versão do Amor”; a graciosa Jena Malone; Kelly Reilly, de “Bonecas Russas”, interpretando a irmã chata e preconceituosa do protagonista. E, claro, Keira Knightley e Matthew MacFadyen, que desenvolvem química interessante ao viver o casal central.
Os cenários bucólicos, a linda fotografia, a trilha sonora competente de Dario Marianelli, os figurinos e a direção de arte certeiros, corroboram para um filme praticamente impecável - não cai na comédia romântica comum, nem no drama pesado. Há a crítica à alienação dos ricos e à separação de classes, que ainda existem na Inglaterra. Mas num meio termo gostoso e sensível para o espectador. Já o amor é mostrado em sua essência: não é necessário apelar para cenas tórridas, corpos nus (não que não seja legal vê-los). Os sentimentos são mostrados em gestos simples, beijo na mão, olhares, declarações. Aí está o(s) pé(s) no cinema clássico, classudo, como preferir. Tudo orquestrado com maestria por Joe Wright, que intensificaria os temas no poderoso “Desejo e Reparação” (2007), quando dirigiu novamente Keira Knightley e Brenda Blethyn, e retomou a parceria com o compositor Dario Marianelli, vencedor do Oscar pelo trabalho. Exemplo da competência do cineasta é a sequencia do baile em que Elizabeth e Darcy, enquanto dançam, apagam literalmente os outros casais do ambiente. E não é assim o amor?
ORGULHO E PRECONCEITO
(Pride & Prejudice, Reino Unido, 2005).
Direção: Joe Wright.
Roteiro: Deborah Moggach, baseada em romance de Jane Austen.
Elenco: Keira Knightley, Matthew MacFadyen, Brenda Blethyn, Donald Sutherland, Tom Hollander, Rosamund Pike, Jena Malone, Judi Dench, Kelly Reilly.
Romance.
127 minutos.
Principais prêmios e indicações:
- Indicação ao Oscar: Direção de arte, Figurino, Trilha Sonora, Atriz (Keira Knightley).
- Bafta: Prêmio Carl Foreman para o recém chegado mais promissor (Joe Wright).
- Indicação ao Bafta: Filme britânico, Roteiro adaptado, Figurino, Maquiagem, Atriz coadjuvante (Brenda Blethyn).
- Empire Awards: Filme britânico, Melhor atriz novata (Kelly Reilly).
- Crítica de Londres: Filme britânico do ano, Ator coadjuvante britânico do ano (Tom Hollander).
- Indicação ao Globo de Ouro: Filme de comédia/musical, Atriz em comédia/musical (Keira Knightley).
- Disponível em DVD.
André Azenha
(Pride & Prejudice, Reino Unido, 2005).
Direção: Joe Wright.
Roteiro: Deborah Moggach, baseada em romance de Jane Austen.
Elenco: Keira Knightley, Matthew MacFadyen, Brenda Blethyn, Donald Sutherland, Tom Hollander, Rosamund Pike, Jena Malone, Judi Dench, Kelly Reilly.
Romance.
127 minutos.
Principais prêmios e indicações:
- Indicação ao Oscar: Direção de arte, Figurino, Trilha Sonora, Atriz (Keira Knightley).
- Bafta: Prêmio Carl Foreman para o recém chegado mais promissor (Joe Wright).
- Indicação ao Bafta: Filme britânico, Roteiro adaptado, Figurino, Maquiagem, Atriz coadjuvante (Brenda Blethyn).
- Empire Awards: Filme britânico, Melhor atriz novata (Kelly Reilly).
- Crítica de Londres: Filme britânico do ano, Ator coadjuvante britânico do ano (Tom Hollander).
- Indicação ao Globo de Ouro: Filme de comédia/musical, Atriz em comédia/musical (Keira Knightley).
- Disponível em DVD.
André Azenha